sexta-feira, 4 de julho de 2008

Como fazer escansão de poemas

Olá amáveis colegas:
Fazer a escansão de um poema é um procedimento de média complexidade, pois aprendendo a separar metricamente as sílabas poéticas (que se difere das sílabas gramaticais, mas muitas vezes se confunde com elas) em um único poema, saberá para sempre. Duvida? Então, observe o poema abaixo:
Língua portuguesa (Olavo Bilac)

Úl/ti/ma/ flor/ do/ Lá/cio, in/cul/ta e/ bela,{10 sílabas poéticas}
És/, a um/ tem/po, es/plen/dor/ e/ se/pul/tura:{10 s. p.}
Ou/ro/ na/ti/vo,/ que/ na/ gan/ga im/pura{10 s. p.}
A/ bru/ta/ mi/na en/tre os/ cas/ca/lhos/ vela{10 s. p.}
A/mo/-se/ as/sim/, des/co/nhe/ci/da e obs/cura{10 s.p.}

Você deve está se perguntando: por que algumas sílabas se juntaram à outra? Por que são dez se eu conto e dá muito mais que isso?
Lembre-se que estamos falando de sílabas poéticas, e não sílabas gramaticais. Há explicações:
1º: Devemos saber qual é a sílaba tônica de cada palavra;
2º: Separam-se com barras as palavras até encontrar a última sílaba tônica do verso;
3º: Se as últimas sílabas NÃO-TÔNICAS E TERMINADAS POR VOGAL encontrarem a palavra seguinte iniciada por vogal, elas são contadas como apenas uma sílaba poética. Por exemplo no 1º verso: “Úl/ti/ma/ flor/ do/ Lá/cio, in/cul/ta e/ bela,”

OBSERVAÇÂO:
No verso do exemplo acima as sílabas sublinhadas são as tônicas, mas geralmente ao fazer a escansão apenas identificamos a última, que neste caso é “be” da palavra “bela”.

SE VOCÊ TEM DÚVIDA AO RECONHECER QUAL É A SÍLABA MAIS FORTE (TÔNICA) DE UMA PALAVRA, SEGUE UMA DICA QUE MUITO LHE AJUDARÁ:
Suponhamos que você queira chamar a professora. Como você a chamaria? “profesSOOOOra”. A sílaba que mais se prolonga é a sílaba tônica; tente fazer isso com qualquer palavra, por exemplo “democracia”. Chame-a! Experimente! Qual é sílaba mais forte? Se você respondeu “ci”, parabéns! Vamos conferir? “democraCIIIIIa”

Agora, você está apto e se tornou autônomo para usar esse conhecimento a seu favor, quando você precisar! Releia mais uma vez as explicações acima até este ponto. Caso já o tenha feito, desconsidere esse pedido e prossiga fazendo a escansão do restante da poesia.

Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

10 comentários:

Toca do Lobo disse...

João Paulo, muito obrigado. A sua explicação foi excelente, simples e eficiente. Tirou todas as minhas dúvidas, muito obrigado.

Antônio Lídio Gomes disse...

João Pulo, desculpe, mas a sílaba tônica de democracia é cí?!?
Não concordo. Vamos pronunciar:
de-mo-CRA-ci-a.
Então aos meus ouvidos, soou FORTE o CRA!!!!

Unknown disse...

Antônio Lídio Gomes, você conhece as regras de acentuação? Se a sílaba tônica de "democracia" fosse o "cra" ela deveria ser acentuada, assim: democrácia. Você a lê assim? Democrácia? Espero que não.

Ieialel disse...

Olá tenho uma dúvida e gostaria que alguem me tirasse... É o seguinte, relendo essa frase do texto escandido:

A/mo/-se/ as/sim/, des/co/nhe/ci/da e obs/cura{10 s.p.}

Se na última palavra, obsCUra, o CU é o tônico, não se deveria contar até ele e desconsiderar apenas o RA?

Ieialel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Megatron,

há um erro na escanção desse verso mesmo. Tem uma elisão na terceira sílaba, e o CU é sim contado.
O certo seria:

A/mo/se as/sim,/des/co/nhe/ci/da e /obs/cura
(a última sílaba, a décima, é CURA, digamos assim, contando o CU e nao contando o RA)

Marcelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo disse...

Singelo e eficiente. Parabéns !

Marcos Martins disse...

Em "A/mo/-se/ as/sim/, des/co/nhe/ci/da e obs/cura", porque "se" e "as" não se uniram?

Marcos Martins disse...

Em "A/mo/-se/ as/sim/, des/co/nhe/ci/da e obs/cura", porque "se" e "as" não se uniram?